Rosana Gimael Blogueira

Powered By Blogger

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Sobre uma época em Cosmópolis




As ruas não eram enfeitadas em finais de ano, por ocasião do Natal, no início dos anos 60. As casas mantinham as luzinhas acesas tipo pisca-pisca, um pinheirinho iluminado, uma bota de Papai Noel na porta de casa, uma guirlanda simples, com algumas pinhas, bolas vermelhas. Algumas delas tinham lindos presépios que a todos encantavam....e dezembro não tinha esse calor escaldante.

As pessoas improvisavam algum outro enfeite com aviamentos comprados na lojinha da D. Malvina, na rua Campinas ou na loja do Tita, na avenida Ester, em um tempo em que não havia lojas de $1,99.
A missa do Galo era um ritual imperdível. Depois seguíamos pra minha avó Dinorah. Marcaram os presentes da Estrela, da loja de brinquedos da minha madrinha Tia Terezinha, a alegria das ceias, a reunião com todos os parentes, a comilança à mesa sempre farta, diante da qual adultos não discutiam sobre negócios, dietas, crises, fatalidades nem deixavam transparecer pra nós quaisquer resquícios de tristeza, saudade, aborrecimento...nas nossas festas, principalmente nessas ocasiões, tinham canções da jovem-guarda à bossa-nova, trilha sonora vinda da vitrola, comandada pelo tio José Honorato que após os “embalos”, contava-nos longas histórias, fazendo-nos "viajar" através delas, abrindo as janelas de nossa imaginação, povoando nossos sonhos no sono que vinha sereno, reconfortante.

Amanhecíamos com o leite deixado pelo leiteiro à porta de nossas casas, que vinha em uma carroça sacolejante...
Nossos ídolos não morriam tão jovens...nossos heróis estavam vivos, presentes, atuantes, sábios. E nos passavam segurança emocional, amor incondicional, estabilidade e...limites!
Naquela época não se falava tanto quanto hoje em Jesus, nem havia proliferação de religiões, templos, igrejas... Mas sabíamos no nosso dia a dia o sentido da fé, do amor, da paz, da solidariedade, da compaixão que tanto Ele pregou um dia.

Crianças não podiam escutar conversa de adulto, crianças entendiam o olhar de censura dos pais e em questão de segundos e, sem a necessidade de palavras, se “aprumavam”...crianças não podiam tudo, crianças seguiam os “ códigos” do bom comportamento, crianças eram ...crianças.
Os mais velhos eram extremamente valorizados e tinham privilégios do tipo escolherem a melhor parte de qualquer assado da ceia... Os mais velhos não se embebedavam na nossa frente nem discutiam seus relacionamentos nem relacionamentos alheios.

Alguém sempre fazia uma oração ao menino Jesus na ceia de Natal e um agradecimento ao Papai do Céu pela fartura, saúde e dinheiro no bolso pelo ano que findava e para o que se iniciava, não sem antes passarmos pelas romãs e lentilhas, claro! E todos entoavam "Adeus Ano Velho, Feliz Ano Novo" a plenos pulmões, vendo o sol raiar cheios de esperança e alegria - sem grandes bebedeiras, sem grandes tumultos, tragédias ou violência - , junto a lindos fogos coloridos adquiridos com a saudosa e inesquecível D. Mercedes Miguéis.
Nessa cidadezinha todos se conheciam, todos se queriam muito bem, todos se “misturavam” alegremente, todos eram amigos ... o ar que circundava a cidade era mágico. Pessoas se cumprimentavam umas as outras indistinta e respeitosamente e longas conversas se estendiam nas casas, nas calçadas, nas ruas, nas esquinas, nos bares, nas praças da Matriz e do Coreto, na sorveteria, no clube. Não havia pressa, o progresso caminhava a passos lentos, a palavra estresse não constava nos dicionários ainda, ela não existia para aquelas pessoas.

Não se discutia o “ser ou ter”. Apenas se vivia - e muito bem vivida - uma vida tangida por acordes harmoniosos que só uma cidadezinha pacata e totalmente do bem tem.
A avenida principal ainda era de terra no auge dos meus seis anos - as luzes dos postes eram alaranjadas- e, nessa avenida, passeávamos com nossos pais, principalmente nos finais de semana, quando tomávamos sorvete de groselha no Bar Ideal, comprávamos doces de coração no bar do Banjo ou passávamos no restaurante do Arnaldo pra tomar Sodinha e comer carne no palito( contrafilé na chapa). Havia uma parada na farmácia do Sr. Jacinto e D. Chiquinha, logo após na loja de armarinhos da família da D. Onélia Kalil e uma última já na rua Campinas, no armazém do Sr. Lourenço Trevenzolli para uma boa conversa. Sem contar as “paradas” com o Sr. Vicente Morelli e Sr. Armando Mora(ambos sapateiros), com o João, o Pedro Bratifich e o Pirtas (ambos açougueiros), Dona Tonica, Hermínio Campos, Toninho Conservani, Emílio Balloni, Massud, Carlito Botcher, Amadeu Grassi, Guido Longuin, Constantino Coutsoukos, Cabo Cruz, Vô Nato e por aí vai...e haja histórias! quaaantas guardo comigo!

Os homens bem mais velhos usavam chapéu, as mulheres rouge. Lá, os ladrões eram quixotescos (êta Silas!) e os jovens pareciam ser ainda mais sonhadores e idealistas.
Minha cidade tinha espírito natalino todos os dias, minha cidade era um salpicar de cores, de cheiros, de sabores e de pessoas adoráveis, tipos realmente inesquecíveis!
(...)
Hoje, Cosmópolis não é apenas um quadro estático pendurado na parede de casa, nem só mais uma foto no Facebook. A imagem dela está cravada em meu peito, em minhas retinas.

Minha cidade é o meu “Cosmos”... minha memória, minhas raízes, minhas lembranças, minha consciência: de onde vim, quem sou, para onde irei.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

ESTRELA CADENTE




Procuro vc no verde no azul nas cores
Do verão.
Ouço vc me chamando em paragem distante
De mim.
Sua presença é latente
E exala o seu calor             
De amor.
Olho pros lados na vã tentativa
De encontrá-lo.

O chafariz de casa tá seco
Minha boca meus olhos também.
O jardim dá sinais de total abandono
O sofá da sala imprimiu vc
Teu cheiro impregnou a casa
Os lençóis
A cama.
Tudo aqui lembra  vc.   
                                                                    
Olho pra todos os lados
E vem a sua risada
Suas palavras na calada noite.                                      
O nosso banco na praça
Está sempre vazio
A nossa música não toca mais
No coreto
Nem nas rádios.

Olho pro céu
Ali no firmamento deparo-me com uma estrela cadente
Faço um pedido
Sinto coração e corpo estremecerem de alegria
Nossas almas se reconhecem a distância!
Então, ali no cair da madrugada
No vazio do silêncio abstrato
De uma ausência sentida
Tenho resposta.

Sei que  um dia
Nos  encontraremos
E juntos olharemos pra cima.
Então veremos estrelas cadentes
Prenunciando um novo tempo.
Lá do alto virá a resposta.

E em noite estrelada e abismal
Entrelaçados, ouviremos  ressoando
Em nossos corações
A antiga canção em  nova roupagem
Dizendo
“Que ainda é meu o seu amor”!


terça-feira, 8 de dezembro de 2015

O AMOR EM TEMPOS DE INTERNET



Ela procurava um arquivo no Pc de cujo nome não se lembrava de como salvara,  com o objetivo de complementar um trabalho de pesquisa.
Clicou em uma palavra-chave na possibilidade de abri-lo. Apareceram vários arquivos  com o mesmo nome. Ela escolheu aleatoriamente um deles e eis que surge um “fatídico”, contendo uma conversa que a fez quase perder o fôlego. Era um bate-papo do parceiro dEla com outra. Aprendera, desde sempre, a não abrir correspondências nem se apropriar de nada que não fosse seu, que não lhe  dissesse respeito. Mas algo mais forte, que não sabia definir,  a impelira a continuar e a continuar lendo.

E ali, na tela, confrontou-se com muitos diálogos; foram muitas conversas com várias outras mulheres. Não eram conversas apimentadas, eram conversas românticas, com  uma  certa profundidade, entusiasmantes, lindas, algumas com certa pieguice, até ridículas – “cartas de amor são ridículas. Não seriam de amor se não  fossem ridículas”, diria o heterônimo Álvaro de Campos, de Pessoa -pensava agora.   A vista se turvara, à medida que se concentrava na leitura.
Estava com Ele há três anos. Eles tinham, aparentemente, tudo a ver um com o outro. Ele era companheiro, parceiro em tudo que  faziam, romântico, apaixonado, sempre se esmerando em cuidados e carinhos com Ela. Ela vinha de um relacionamento conturbado, achava que já não seria mais capaz de amar alguém. Havia deixado claro isso quando  Ele, entusiasmado, aproximara-se dEla.

Tanto Ela quanto Ele  prezavam a liberdade, simpatizavam com a possibilidade de um relacionamento aberto, jogavam limpo um com o outro, conversavam horas sobre tudo, tinham trajetória de vida bastante parecidas. Ambos tinham em  torno de quarenta anos,  vinham de relacionamentos que não haviam dado certo. Ambos com filhos. Ambos dispostos a recomeçarem,  com projetos e sonhos parecidos. Ambos com a mesma sintonia em tudo. E  tinham a bendita afinidade de pele, de cheiro. Ele parecia mais apaixonado que Ela, embora Ela já se   sentia  pertencida a Ele, que soube conquistá-la com o tempo, com toda a paciência e  carinho do mundo.
Tinham Faces  separados, a pedido dela que priorizava a individualidade, ao que Ele rebatia, insistindo até em lhe passar o seu Login, o que Ela  sempre rejeitara . Ela levantava a bandeira da liberdade sempre!

E agora Ela ali, paralisada, vista turva, corpo mole, aperto no coração.  Não conseguia sair de frente da tela, não tinha forças para isso..”.O que os olhos não “leem” o coração não sente...saia daqui enquanto há tempo”...a vozinha sábia da intuição gritava-lhe incessantemente.
E quanto mais lia, mais queria  ler...Então algo estaria errado. Eles não estavam bem. No fundo talvez soubesse que Ele a percebera sempre  menos disponível nos sentimentos  para com Ele. Pelo horário das conversas dEle, pelo comportamento dela naquele momento, pelos sentimentos confusos agora, tudo poderia  denunciar  falhas nesse relacionamento, aparentemente estável, com uma certa cumplicidade gostosa. Não, Ela não se sentiria culpada, sentimento tão comum entre as mulheres em uma situação dessas.  Mas Ela não era esse tipo de mulher. Não meeesmo. Era moderna,  arrojada,”cabeça” demais pra essas  frivolidades, pras essas trapaças (artimanhas!)  do coração.
IMAGENS GOOGLE

Quando deu por si, percebera que aquilo já havia lhe consumido. Enveredara-se para o precipício. Esta era a verdade.
Foram horas, dias vasculhando as conversas  e, à medida que Ele a olhava dizendo o quanto a amava, estranhando a mudança súbita dEla para com Ele,  Ela o rebatia, já um tanto descompensada, tentando uma possível resposta para aquilo tudo, ironizando-o, instigando-o a falar sobre  aquele comportamento, corroída por sentimentos torpes, dignos de uma análise Machadiana. Não poderia lhe dizer sobre esse seu deslize de vasculhar a privacidade alheia. Torturava-se por isso, não era da sua personalidade ser assim, invasiva, nunca! Não havia culpados. Não haveria cobranças. Mas nada poderia ser como antes. Ela já não o enxergava como outrora. A admiração que nutria por Ele tinha ido para o ralo.

Antes fossem conversas apimentadas - seria normal para Ela se tivessem esse teor...homens são  vulneráveis a isso – pensava agora, mais atormentada do que nunca. Não eram. E as personagens ali, naquelas conversas, eram de todos  os tipos, de longa data e recentes, paralelas a outras.  A todas as mulheres, Ele fazia  juras de amor, planejava  coisas em comum, inclusive filhos. Conversas cheias de comprometimento, correspondidas por todas elas, longas conversas em horários distintos, com  uma  certa intimidade comovente, envolvente, eloquente. A todas se dirigia com “Oi, meu amor!”, dentre tantos outros vocativos surpreendentemente românticos.

Começara a evitá-lo, após todas as tentativas de tirar dEle uma certa verdade. Sempre fora segura de si, sempre abominara esse tipo de relação, de comportamento que desequilibrava os parceiros, que confundia sentimentos, que aprisionava, sufocava.  Ambos eram pessoas esclarecidas, maduras, abertas...e por que isso agora? Por que Ele não se abriria sobre isso?
E por que Ele deveria se abrir? Qual seria o conceito desse suposto amor? Seria apenas ego ferido? Uma suposta tentativa de se apossar do outro? Ridículo. Muito ridículo tal sentimento.

Um dia desvencilhou-se da tormenta. Acordou,  olhando para Ele com grande docilidade. Tratou-o como antigamente.
Produziu-se  no estilo “vestida para matar”, como há muito não o fazia.  Dissera-lhe, sob o olhar deslumbrado, confuso  e inquisidor  dEle, que iria ao supermercado e já voltaria.
Passou a tarde com um lindo rapaz que sempre a rodeava, sempre “babando” por Ela, sempre a cercando de atenções e elogios. Chegou  a  casa horas depois, olhos brilhantes, cantarolando, feliz.
Sentia-se “ vingada”.
(...)

Mal sabiam Eles que estavam enganando a si mesmos, não sendo tão parceiros como pensavam, não sendo leais consigo mesmos, confundindo sentimentos, tão ausentes do diálogo, dos verdadeiros sentimentos, tão fragilizados um com o outro. Tão  solitários, tão desvinculados um do outro!


domingo, 22 de novembro de 2015

AS PRIMAS


O ANTES...
ROSANA  E  ZARIF
O DEPOIS
Era uma vez duas meninas inseparáveis
Habitantes da Cidade-Universo.
Nasceram  primas com ascendência libanesa
Cresceram - as primogênitas -   em meio a paparicos
De pais corujas - amorosos “mocinhos”.

Elas não eram muito chegadas a bonecas
Elas gostavam mesmo era de brincarem na rua.
Enquanto a  mais velha – alguns dias apenas
Seguia descobrindo e ouvindo o bom Rock and Roll- ancorada por Jorge
A mais nova incursionava pela Bossa Nova - endossada por Michel.

Quando crianças
Enquanto uma se recusava a calçar sapatos - lançava-os longe
A outra se recusava a usar óculos - quebrava-os todos.

Na juventude cada qual perseguiu seu ideal de vida...
Enquanto a mais velha aproveitava a efervescência da revolucionária  turma
Da esquina do Itaú
A mais nova enveredava-se pelo sol
Ora pedalando
Ora debruçada sobre os livros - transitando entre todas as "tribos"
Sem a nenhuma delas pertencer.

Ambas seguiram livres, libertas de todas as amarras
Apoiadas pelos pais (compadres-cunhados)
Ambas tiveram sua juventude em berço esplêndido
Ambas tiveram lá seus grandes amores
Ambas se permitiram ser felizes vivendo cada qual
O momento - como se fosse o último.
As meninas não eram de falar muito
Elas faziam acontecer.

O tempo passou...
Seguiram o curso de suas escolhas
Mantiveram suas essências a duras penas.
O tempo passou...
Houve momentos em que  a distância aumentou.
Tornaram-se o resultado de suas escolhas
Mas sempre mantiveram conversas  afinidades lindas  lembranças
E os bons amigos - muitos deles em comum com as duas.

Hoje - quando se reencontram -  o tempo pára.
Quando se olham, se  reconhecem
E tudo é como sempre foi:
Sintonia total.

Então - nesses momentos -  os gostos e afinidades se misturam
Risadas incontidas ternura imensa emergem
E tudo se dilui em doces gestos
Em alegria pura
Em Laços eternos.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

ALMA DE NOIVA

Diferentemente da grande maioria das mulheres, eu nunca sonhei em me casar e, principalmente, sempre fui  avessa ao convencional, ao tradicional e, claro, aos rituais das cerimônias de casamento, da Igreja à festa.

Vejam  bem, eu utilizei o verbo no passado. Eu nunca sonhei em me casar até encontrar Luigi e por ele me apaixonar e, com ele, sonhar, fazer planos e  senti-lo como o  primeiro e o último amor.
Eu o conheci em uma das minhas viagens inusitadas entre montanha e praia, sozinha. Deparei-me em uma encruzilhada, com Zeus – meu deus grego, Luigi- a pedir carona, já que o carro dele estava ali no acostamento com problemas no motor.  Não costumo dar caronas, mas algo muito forte me impelia a fazê-lo e fui o que fiz, sem pensar duas vezes.

E lá fomos nós na estrada esburacada e empoeirada à cidadezinha mais próxima onde eu estava hospedada –  a   cidade-natal  dele – mística, adorável, no alto das montanhas mineiras.
E, no caminho, entre uma trilha sonora deliciosa e papos também pra lá de interessantes, trocamos telefones. Entre mensagens e telefonemas e novos encontros, engatamos  um namoro que durou  dois anos. Graças a ele, o Luigi, a seus encantos, ao que junto dele vivi em tão pouco tempo, não pude evitar  e sucumbi ao desejo de me casar com toda pompa e circunstância. Sim, esse homem feito pra mim, despertou em mim sentimentos os quais nunca havia eu sentido. Tudo nele é inspirador: a sua sensibilidade, a generosidade, o jeito de cuidar das pessoas, dos animais, da natureza, a paciência dele para comigo, a cabeça fervilhante dele recheada de ideias fascinantes e o olhar dele ao mundo a sua volta me seduziu, me encantou, me fez sonhar,  idealizar coisas com as quais nunca havia sonhado. E, claro, colocá-las em prática!

E, então me coloquei a pensar, por que não reverenciar esse nosso amor, sacramentá-lo diante de Deus e dos homens? E  por que não “ingressar”  no ritual que eu sempre rejeitara?
 Como diria minha avó,  haveria um dia em que chegaria o homem certo em minha vida, em que eu sentiria um certo “clique” rsrs  e, com certeza, eu mudaria de ideia! Pois foi assim mesmo. Senti  o tal “clique”, a sensação de que eu o conhecia há milênios,  um certo pertencimento, um reconhecimento de almas afins. Senti  em Luigi o companheiro-amigo-confidente-cúmplice-amante-alma  gêmea e tudo o mais,  inexplicável em palavras. Temos uma sintonia afinada de corações, de mentes, de espíritos além da nossa “química” de corpos, de pele – claro.

Daqui a dois dias estarei casada. Tudo – da cerimônia no civil e no religioso à festa-  foi planejado nos mínimos detalhes por nós dois,  inclusive a trilha sonora que nos embalou.  O bacana é que ele participou de todos os detalhes, pacientemente.  Lógico que sobre o meu vestido ele nem sequer imagina o quão impactante será.


Devo-lhes confessar  que estamos  mais confiantes que ansiosos, pois fomos ciceroneados e respaldados  por profissionais de indiscutível gabarito. Além, claro, de termos a certeza do nosso amor, de que fomos feitos um para o outro!

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

"CIRANDA DO AMOR"



Era uma vez uma mulher que cruzou inusitadamente o caminho de um homem.
Uma mulher pronta pra esquecer o passado ruim. Um homem sem medo de se apaixonar novamente. Ambos malsucedidos no último relacionamento. Ambos com corações doloridos.
E ,entre olhares e mensagens, em dois meses os dois estavam juntos.
E essa mulher apresentou a ele novos horizontes.
E esse homem apresentou a essa mulher novas formas de sentir.
E eles se propuseram o “trato do amor livre".
E os dois juntos entraram em sintonia física, mental  e espiritual.
E foram dias e noites reveladoras - entre sol, chuva, lua, estrelas, nas quatro estações, durante três outonos, em cenários paradisíacos.
E eles se fizeram felizes.
Até um dia em que pintaram as diferenças
E o antigo “trato do amor livre” se desfez.
Ela subverteu seus valores.
Ele subverteu seus princípios.
E ela viu-se perdida de amor.
E começaram as cobranças que deram nó na cabeça dele.
E ele começou a entender que ela fora um engodo.
E ela entendeu que ele era livre demais
E que ambos não aguentariam o tranco.
E a insegurança dela  tornou-o confuso.
E ela depositara nele expectativas infundáveis.
E ele percebeu o ponto fraco dela e deleitou-se.
E ela negou-lhe amor, ironicamente cega de amor por esse homem-peça do Destino?
Um dia ele se cansou de tanta incoerência e das “desfeitas” daquela mulher
Foi-se embora
E deixou-a a ver navios.
Declarou-se ele, logo depois e publicamente,  em redes sociais ao seu novo, único e último amor.
E ele deixou claro o tamanho de sua nova paixão.
E eis que a “ex “ , quando desse rompante tomou conhecimento, tornou-se a pior das criaturas.
Começou a espernear, a chantagear, a cobrar atitudes
Daquele homem-personagem que ela  criara.
E começou literalmente a infernizar o novo casal.
Um dia, ao cobrá-lo de uma suposta  dívida,
Teve uma resposta fatal:
“Quero vê-la maravilhosamente bem, mas beeeeeeem longe de mim”!
E ela - em estado de choque - entendera que ele nunca a amara
Apesar da bondade e generosidade daquele homem, das gentilezas dele, das noites ardentes, dos dias luminosos, dos planos deles  etc  e tal.
E anunciou a ele, em noite sábia, que o perdoava  por não atender às expectativas dela.
E com linda, tocante  e convincente mensagem a ele, virou ela a página.
E ela o deixou  em paz para seguir livre, sem nenhum tipo de amarra ou dívida com ela.
Isso depois de ela ter aprontado tudo o que pôde, sem escrúpulos e com o coração esmagado.
E, desde então, ele se tornou um homem sem amarras, um ser absolutamente feliz e a cada dia mais apaixonado pela nova mulher.
Tornou-se ele um menino descobrindo o seu primeiro, único e último amor
E seguiu ele em frente, sem olhar para trás
E  sem mais nenhuma palavra com a mulher do passado sombrio.
E ela seguiu com um novo amor que tudo por ela faz.
E ela segue com aquele homem do passado no corpo, na alma, no coração.
E ela ouve as palavras quentes  do homem do passado- o mestre do ponto G dos ouvidos femininos- ao pé da cama.
E ela sente o calor dele todas as noites como sempre o sentira , mesmo quando não demonstrava por ele o amor desmedido que tinha, ressentida que estava com suas atitudes.
E ela se vê  agora enternecida no meio da madrugada olhando para o seu novo "amor" ao seu lado
Dormindo serenamente e nela enroscado.
E ela sussurra nos ouvidos desse homem  palavras de amor
Tomada pelo outro  em pensamentos, sombras deliciosas do passado, que insistem e persistem em visitá-la a despeito de tudo o que se passou.
Ela não mais pensa, apenas sente ondas de amor invadindo seu corpo, sua alma, seu coração.
E ela sente as tais ondas invadindo também o corpo, a alma, o coração daquele homem do passado que -temporariamente- está longe dela.
E essa mulher sente coisas que só as mulheres sabem e sentem.
E ela nem quer saber se amanhã de manhã alguém virá dizer o quão linda foi  a última postagem dele para com a sua nova paixão.
Porque ela sabe que é uma questão de tempo:  mais dia, menos dia estarão juntos, inaugurando uma nova fase, prontos os dois para uma nova história. Nem que seja em outro plano.
Ela sente que  o que for de verdade, será para sempre.
Ela apenas sente que  os enganos, as sombras se dissiparão.
E tudo passará.
Tudo se fará sentir.
E eles se reinventarão.
E tudo se fará Luz.



quinta-feira, 29 de outubro de 2015

"EU TE AMO"

Deparei-me tempo atrás com essa postagem sobre o "Eu te amo" da querida e luminosa escritora Claudia Ferreira a quem tive o prazer de conhecer em minhas andanças pelo Rio de Janeiro.
Palavras oportunas diante de situações que tenho vivenciado ultimamente.

Sinto-me mulher "destemida" em relação a paixões e ou amores. Mas confesso que sempre estranhei o uso demasiado do "Eu te amo"em situações em que mal as pessoas se conhecem e já disparam gratuitamente essa tão profunda frase "a torto e a direito". Assim como o beijo, pra mim o "Eu te amo" tem um valor imensurável quando há verdadeiros sentimentos, quando há um envolvimento maior em um relacionamento.

Não me soa em nada verdadeiro - assim do nada - o "Eu te amo"...fica vazio, perde-se o sentido maior. Isso não tem nada a ver com princípios, educação, valores etc e tal. Penso que a frase perde a credibilidade, o encantamento quando dita a esmo. Fico desconfiada por demais - pra não dizer com "a barata atrás da orelha"- diante de um homem que me diz isso a toda instante ou mesmo em uma primeira conversa ou encontro. Agora, se com o avançar do relacionamento, quando pinta uma maior intimidade,  um estar muito bem um com outro, na descoberta dos pequenos rituais do dia a dia, quando ambos os parceiros se percebem tomados de amor e de reconhecimento  um para com o outro - além da imprescindível  química, claro! - aí é outra história.

Há também situações, além do relacionamento "homem x mulher"em que tenho presenciado o "Eu te amo" sendo pronunciado de forma banal. Já é difícil  entre tantos familiares e amigos - cara a cara - proferir a frase de maneira espontânea e convincente, imaginem com estranhos! Certa vez, ao visitar  uma igreja, vi-me cercada de fiéis- muuuitos e desconhecidos - se aproximando de mim, abraçando-me ( e beijando-me) efusivamente e todos proferindo-me  a frase incessantemente ...me senti  acuada e com uma sensação muito estranha, inexplicável!

Talvez a maturidade tenha me trazido outras coisas as quais priorizo mais que tudo, porém desde sempre fui assim ressabiada com rompantes fortuitos, gratuitos. Eu tenho que sentir veracidade nas atitudes, nos sentimentos, ter uma grande admiração pelo outro... do contrário, fica tudo muito "pobre" demais, incoerente, duvidoso, banal demais!

É, acho mesmo que é muito "Eu te amo" pra pouca verdade...


terça-feira, 27 de outubro de 2015

A MÚSICA E EU...PARTE II

Resolvi  ouvir  as  últimas  vertentes da música desse nosso país – sempre com repertório tão vastamente peculiar. E reouvir algumas outras do passado.
Sou extremamente ligada nessa linguagem através da qual consigo encontrar uma conexão maior e que, de certa forma, me exorciza de certas turbulências que, por vezes, têm o hábito de me visitarem. Na maioria das vezes, são turbulências do bem, proporcionam-me uma “vibe”   interessante e é quando sinto um vibrante pulsar que me dá uma sensação de que estou na vida pro que der e vier. E sem elas, essas minhas hóspedes transitórias, tudo seria menos colorido...tudo seria tão  insosso!

O bacana é que consigo sempre ser espectadora de um filme e isso me faz sentir ter o controle remoto pra pausar, retroceder, avançar, rever rindo muito ou  chorando numa  boa, sentindo a mescla dessas emoções e, depois disso, me permito abrir-me para novas sensações do meu presente.
E entre um acorde aqui outro acorde acolá não tem, claro, como  evitar  de viajar através das letras (como a maioria)- que fala de amores, de fácil entendimento,  estilo coloquial bem eloquente - das personagens e suas histórias e  vida pregressa, dando asas ao coração e à imaginação.
Nesses momentos vou esparramando coisas e coisas não me preocupando em me fazer ser entendida. Me  alegraria se um ou outro pudesse apenas sentir o quanto somos frágeis na área do bem(ou mal) amar.  Ou ainda se pudesse driblar –em melodias e letras- a sisudez de certas situações e ou embaraços que vamos encontrando pela vida. A linguagem da música é a voz da alma que, em certos momentos,  precisa se fazer presente, entendida, acarinhada.
Entre lágrimas e sorrisos cada qual convive com o enredo e ou consequências de suas escolhas, muitas vezes sem escolhas rsrs. E cada um de nós  tem seus mecanismos de defesa, ataque ou contra-ataque...ou somos ou estamos quase sempre indefesos quando se trata das tênues relações do coração com o mundo, de nós com o outro-íntimo ou estranho; ou aquele que nos foi íntimo um dia e hoje é mais estranho do que qualquer outro estranho rsrs.
E quando  se trata de sentimentos mal resolvidos nos pegamos nos questionando sem ter respostas. E a palavra de ordem é bola pra frente dentre tantas outras “gotas de sabedoria” para que sigamos em frente sem olhar para trás. Parece simples. Se assim o fosse não veríamos tantas pessoas tão desencontradas- exceto , claro, em álbuns de retrato e em redes sociais onde todos são felizes, realizados ou se revelam em atitudes e palavras sinalizando que algo não anda nada bem e acabam por deslizarem ao revelar as tais fraquezas tão nossas, tão humanas, tão inquestionáveis e  -  quase sempre - tão mal interpretadas ou mal digeridas.
Mas voltando à música, preparei aqui uma coletânea de canções não tão famosas nem tão nobres e ou antológicas, mas traduzem dores do coração, da alma, do espírito. Algumas  delas  revelam sensações, sentimentos  inerentes ao humano, não tão “tocantes” nem tão “corretas”, românticas ou não , ou outras que não nos enlevam ou, digamos, acrescentam. Mas tornam-se interessantes à medida que se propõem dizer pra certas pessoas ou até pra nós mesmos coisas que nem sempre temos coragem de  verbalizar.
 Espero que possam, em momento oportuno, ouvi-las em momentos descontraídos  pra rir, chorar, dançar, refletir, inspirar.  A pretensão  é a pura diversão. Ou apenas sentir...Puro deleite. 
                                                            

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

"Teus abraços precisam dos meus"

Eis um "hino" para corações vazios, para almas que não se reconhecem, para aqueles que sofrem por  amores idos ou vindos, para os que não reconhecem sentimentos nobres...ou para todos, sejam aqueles que acreditam em amores libertadores ou não, para os que têm corações abastecidos de sentimentos maiores - sempre! 

domingo, 18 de outubro de 2015

Na gangorra com Cronos


Sob o compasso do deus do tempo
Lento dormente devorador
A espera vai se preenchendo na plenitude do espírito
E se encontra nas cavidades
E nelas se esgota e se perde.

No pulsar do sangue
O côncavo procura - em vão - o convexo na noite oca
A distância de oceanos separa amantes
O amor posto que ausente empalidece anêmico
E a dor da saudade sentida
Ecoa latente
E  segue
Ferindo feito faca afiada
Cravada no sôfrego peito.

Então mergulho em águas cristalinas
E encontro você no azul
E nos beijamos
E de nossas bocas em movimento vivo
Saem peixinhos e flores
Cores e fragrâncias indefiníveis.

E no tremular das ondas
Sem querer nos mordemos
Essa dor é doce
E se nos afogamos
Num breve absorver simultâneo de fôlego
Essa instantânea morte é bela

E encerra a noite mais um dia
De ausência diluída em música
Em escritos desmedidos débeis vãos
Em acordes esvaindo-se fluidos no firmamento
E no sentir dos corpos que se clamam e que se ouvem.

Cala-se então o desejo no torpor do Beaujolais-Nouveau
E então sinto ali no tinto encorpado e jovem
O teu sabor frutado
O teu tremular contra mim
Como uma lua na água ondeada...


E diante das labaredas da fogueira alta em noite de gelo
Aos pés da montanha
Eu te desenho
E te espero.

* Inspirada pelos clássicos das letras, da música, pela Lua, pelas estrelas, por Apolo...

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

* “Em minha casa há muitas moradas”

Elas vêm e vão no compasso das quatro estações
Trazem consigo suas peculiaridades
Hóspedes contraditórias polêmicas emocionais guerreiras
Sensíveis destemidas ousadas passionais
Necessárias para que eu sobreviva imune ao caos
Que muitas vezes chega sorrateiro dentro de mim
Em meio a falsas verdades
A egos inflados
A amores e desamores intensos
Em meio a paixões desmedidas e descabidas
“In”cabíveis.

Sentimentais sonhadoras idealistas hormonais virais.
Heloise Guinevere Juliette Anita Drusilla
Todas deliciosamente “in”.
E outras há “in”findas dentro de mim
Hera Afrodite Psiquê Eurídice Athenas
Que se duelam e e depois se adulam
Simone Camille Frida Alice Mata Hari
“In”stalam-se dentro de mim
“In”sistem em mim!
E carregam inquietações assombramentos excessos
A falta de bom-senso o desacato a autoridades ineptas
O escancaramento a perplexidade o estranhamento
Completas de vaidades futilidades
E seriedades.

Transbordam em mim
Instaurando-me o repúdio
Ao óbvio
À burrice coletiva
Aos que se travestem de intelectuais arrebanhando simpatizantes
Por causa alguma!
Esmeralda Dulcineia Penélope Florbella Pagu
Elas despejam em mim a negação
Ao falso moralismo à acomodação à violência à hipocrisia à injustiça
Não “imprimem” em mim rótulos vazios
Quaisquer tipos de preconceitos
Discursos reacionários ou pragmáticos
Tampouco a autoafirmação e a autopiedade
Trazem o conflito permanente entre yin e yang
E um verdadeiro embate contra os “ismos”.

Promovem em mim uma constante batalha entre o ego e o self
Fizeram-me elas a ovelha furta-cor do rebanho há muito desgarrada
E não obstante ser eu de Vênus regida por Saturno e fascinada por Mercúrio
Afugentam-me elas da ordem e do traço reto
De uma previsível rotina ...da mesmice!

Habitam em mim trazendo a “ternura de mãos que se afagam“
Um eterno deslumbrar
Um contentar e descontentar
Um encantamento pela vida
Sem par.
(...)
Dentro de mim mora uma hóspede vitalícia
A lua!
Dentro de mim há muitas mulheres
“In”úmeras mulheres de fases!
“In”quietas “in”domadas “ in”conformadas “ in”tangíveis.
Contudo
A paz e a doçura
ainda cabem dentro de mim.

Moram em (“in”) mim palavras e palavras
“In”tensa é a que melhor me define
A que diz ”in”pra vida!
Moradas diversas
Hóspedes ** “made in and made of Life”!
...........................................................................
Rosana Outonal rsrsrs
* Ou Um poema não (in) sóbrio de uma noite escura

** Hóspedes “feitas de Vida e feitas na Vida!

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

CRIANÇA FELIZ


Meu pai - Michel - e eu
O doce de batata-doce de coração vem
das mãos do Seu  Banjo
(o dono do bar na cidade-universo).
Os olhos indagadores  da menina apontam ansiosos
para o seu progenitor
que consente com olhar complacente o gesto
do velho e bondoso homem grande.
A  "menina-apêndice' do pai delicia-se com o regalo
enquanto observa atenta o seu redor.
Bolas do campo de  bocha correm desencontradas
E a mão da menina é entrelaçada
pela mão protetora do pai.

Homens conversam animados
em torno da mesa do bar.
Garrafas suadas copos transbordando
burburinho abafado pelos gritos do "truco".
E a menina atenta a tudo agora
sentada no colo do pai.

O bar do Banjo cheio
de homens assuntos bebidas.
O campo de bocha terra batida
em terreno plano.
E a menina aninhada    
nos braços do pai.
Menina atravancada
embrenhada
na barra da calça do pai.

Descortina-se o mundo colorido
em domingo de guloseimas infindas.
E lá vem mais doces
pirulito do  zorro bananinha paçoquinha
cocada suspiro maria-mole
pé-de-moleque jujuba delicado balas toffee.
O momento é de pura magia      
supremo encantamento.      
O mundo poderia acabar ali
entre doces mil  beijos estalados
alegria sem fim.                                                                                
Depois vem o passeio na praça
com  chafariz e peixinhos coloridos
a dançarem na água azul.
E vem a foto para eternizar
o momento.

E o pai de sorriso contido e mãos generosas
faz a menina contente.                                
Criança feliz
protegida acarinhada
amada pelo pai.







terça-feira, 6 de outubro de 2015

Dois por Dois


Estrelas cadentes
Embrenharam-se  em seus cabelos
Turvaram sua vista
Tumultuaram seus passos
De súbito viu-se  enroscada em braço estranho.

O olhar alheio crivou-se no seu
A noite tingiu-se de prata
Bocas úmidas se colaram
Corpos trêmulos se enroscaram
O coração se fez liquefeito.

Almas reconhecidas
Apresentações dispensadas
Corpos incandescentes
Olhares  inflamados
O instante se fez átomo. 

Naquela noite de céu constelado
O certo e o incerto
Desfizeram-se em moléculas
De etílico amor.
                                        E consumou-se um rarefeito sentir.                                       
                                                                                                                    
                                                                                                                     
Imagem: google



quinta-feira, 1 de outubro de 2015



“Quis evitar teus olhos, mas não pude reagir”


                                        
Diz o mais que pop, o “muso”, Lulu Santos 
Quando  um certo alguém cruzar  o teu caminho
E te mudar a direção  
E esse alguém  despertar o sentimento
É melhor não resistir e se entregar! 
(...)
E , então, essa pessoa cruza o seu caminho 
E você  se depara  com os seus  batimentos cardíacos a mil 
E com o cheiro amadeirado   - ou almiscarado 
(Ou  qualquer outro cheiro que  te desperte  rumo a outra galáxia)
Desse certo alguém, agora, impregnando  você.

E  você  começa a caetanear, djavanear, buarquear  
Pela estradas, pela areias, pelas montanhas, à beira-mar
Rindo feito um ser abobado
E ,então , com o vento  batendo no rosto  a revirar  os cabelos 
E com os  olhos fechados
Você congela a imagem do primeiro beijo 
Feito uma oração
Seu mantra visual
E você se inspira, transpira, respira o  vaivém infindável 
Das sensações únicas da primeira vez
E aí, quando finalmente você  percebe o poder da química
Você já se embrenhou  por paragens  inimagináveis.

E  você descobre
Que aquele beijo que chegou de mansinho
Sim, aquele beijo -  entremeado de sorrisinhos  bestas 
Tornou-se assustadoramente incendiário
Que o entrelaçar de corpos é muito bom 
E com essa pessoa
-Essa que você julga 
Ser a certa, a primeira e a última da sua vida- 
É bom  demais!

E, então, você sente  a vida novamente
Pulsar dentro e fora de você  na velocidade- luz
Essa  mesma luz que agora irradia
Dos seus poros
Da sua boca, do seu olhar
E te  faz um ser único.

E aí você  se dá conta
De que suas emoções já tingiram a paisagem de cores ainda mais vibrantes
De que o precipício e o paraíso são sinônimos
De que você  já não mora mais em você
De que é tudo novo... de novo!

E , aí, sob uma  super  lua - em uma certa noite de primavera
Você apenas entoa sua mais nova  prece:
“Que sejam feitas todas as nossas vontades
  Assim na Terra como no Céu”.




sábado, 26 de setembro de 2015

ENTRE AS MONTANHAS DE MINAS

"Em Minas  o caldo  engrossa, o tempero entranha, o sentimento verticaliza".(Caetano)

Ó,  imponentes Montanhas
Que hoje me inspiram
Em meio  a profusão
De beija-flores e magníficas borboletas.
Montanhas que imprimem – ao vivo
O retrato da vida sonhada em colorido real.
Montanhas que trazem 
Renovados sentimentos
Deliciosas sensações
Em tempo certo.

Montanhas que delineiam   
A casa branca de janelas azuis com sua chaminé
A porteira que escancara a simplicidade da vida.
Montanhas que  resgatam  
As boas lembranças
Os sabores de meninice
Os devaneios  de mocinha
Os deleites  de mulher.

Montanhas que  trazem  
O homem – de olhos de menino
De  mãos generosas
De sincera  entrega -nas atitudes e no coração
De  ternura nos gestos
De doçura nos  afagos.

Montanhas que anunciam
Aquele que aponta
Outra direção.
Aquele que apresenta
A magnitude da bucólica paisagem
O orquidário exuberante
A vasta horta com ora-pro-nóbis
O  queijo fresco
As delícias todas  de Minas.
Montanhas que descortinam
Em rompante de Primavera
Um novo bem-querer.

Ó, grandiosas  Montanhas
De onde nascem fartas e cristalinas  águas
Milagrosas águas que limpam
Tristezas dores angústias
Que filtram as impurezas da alma
Que levam embora 
Os amores imprecisos e as paixões desmedidas
Que transmutam
Mágoas desaprumos  desatinos
Em profundo amor.

Ó, majestosas  Montanhas de Minas
Moradas em que se abrigam  soberanos
O Rei – bola de fogo
A Rainha – bola  de prata
Montanhas que testemunham
Um novo caminhar
O selar de novos pactos novas promessas.

Divinais Montanhas
Bendigam esse tão especial momento!
Vertam-se de suas fendas
Suas milagrosas águas
Como se chuvas de bênçãos fossem!

Mágicas  Montanhas das Geraes
Não silenciem agora
A sinfonia de pássaros
A sincronia de cores
Os sabores  cheiros e texturas 
Das coisas de Minas.

Generosas  Montanhas
Que oferecem  banquete farto
Aos meus olhos
Engordam  meu coração 
Abastecem  minha alma
Tranquilizam meu espírito
Vivificam a minha essência.

Montanhas que me preenchem  
De alegrias incontidas
De inebriantes emoções
Que me apresentam  o néctar
De um novo tempo.      
                                                                   
Inspiradoras  Montanhas
Que  oferecem  sublime coletânea
De suaves  e inéditas melodias
De novos sóis luas e estrelas
Consagrem - cúmplices
O encantamento  desse (re)encontro.


Místicas  Montanhas
Deixo-me enveredar  por seus segredos
Por suas inspiradoras instigantes e
Imponentes formas que agora brotam
Em ébrios e trôpegos versos
De uma alma enlevada arrebatada
(Hoje resgatada)
Por significância maior da vida.


Montanhas de tão  boas e lindas vibrações         Abençoem esse nobre sentimento
O novo avivamento
Nesta  estação tão sintonizada
Com os  pequenos grandes  milagres  da vida.
E que tudo o mais se faça luz!
(...)
Uai, que assim seja então, Sô!